"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O legado político-administrativo de Eduardo Campos (parte II): nepotismo, aparelhamento da máquina pública e personalismo.


Continuando a série de textos críticos sobre o legado político-administrativo [1] de Eduardo Campos, vamos falar de sua forma de gestão na máquina pública e do seu partido, o PSB. Os elementos analisados contribuíram para desmistificar a áurea do líder moderno e democrático que Eduardo Campos criou sobre si mesmo – usando muito dinheiro público para isso, é claro. Vamos demonstrar a prática de nepotismo no aparelho do Estado, o aparelhamento da máquina pública e lembrar alguns episódios da dinâmica interna do PSB que explicitam bem o modo eduardiano de fazer política.

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Eduardo Campos, como bom marqueteiro que era, sempre procurou passar uma imagem dissociada de suas práticas reais. Seu governo aprovou a lei complementar N° 097, de 01 de outubro de 2007, que criminalizava o nepotismo. Nepotismo é a prática de empregar parentes na máquina pública. Depois de aprovada esse lei, Eduardo usou todomarketing imaginável para mostrar que Pernambuco, no seu governo, estava livre de várias práticas nepotistas e coronelistas. Vamos à realidade:

Os jornalistas Conceição Lemes, Chico Deniz e Daniel Bento fizeram uma ampla pesquisa nas nomeações de parentes na Era Eduardiana, e ao final do último mandato chagaram a essa conclusão:

Atualmente, sete primos – antes eram nove – ocupam cargos na administração estadual de Pernambuco, além de, pelo menos, mais dois sobrinhos, uma tia, o sogro, uma cunhada e um ex-cunhado. Não estão incluídos aí os dois tios e a mãe do governador que estão em postos na administração federal. [2]

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A política de remoções da gestão Tucana no Jaboatão.

Na última quarta-feira (10/12/2014) um grupo de ambulantes fecharam a Avenida Barão de Lucena, em Jaboatão Centro, manifestando-se contra as ações da prefeitura do município que ordenou a retirada do comércio informal das vias. O problema envolvendo ambulantes em Jaboatão dos Guararapes não é de hoje. Já no início do ano (mês de março para ser mais exato) comerciantes protestaram na Avenida Agamenon Magalhães, em Cavaleiro, outro bairro do município. No mesmo mês, cerca de 50 pessoas fecharam os dois sentidos da Rua João Fragoso de Medeiros, agora no bairro de Dom Helder. A causa dessas manifestações é a mesma: reação a política anti-popular da prefeitura que tem como gestor o Tucano Elias Gomes (PSDB).

Centro de Jaboatão dos Guararapes | Reprodução

As condições de vida no município não são das melhores: serviços básicos como educação já chegou a ter destaque negativo em plena rede nacional. Tendo em vista esse preocupante cenário, não é novidade que muitos jovens e adultos procurem seu meio de vida em empregos informais como o comércio ambulante, tão típico nas áreas pobres das cidades. 

Os mercados públicos que deveriam servir como espaço de trabalho para os comerciantes, estão hoje em precárias condições de estrutura e higiene. Dos três principais mercados do município, apenas o de Prazeres foi reformado pela prefeitura. Os outros dois, o de Cavaleiro e Jaboatão Centro, encontram-se num preocupante estado de insalubridade, dificultando a comercialização de alimentos por parte desses pequenos comerciantes. Esses só querem uma solução: lugar para trabalhar dignamente. Com medo que Betinho Gomes (filho do prefeito) perdesse votos, a prefeitura tratou de continuar sua política de remoções após as eleições. Sem qualquer tipo de diálogo e tendo ainda por cima sua ação acobertada pela Lei nº 973, aprovada pela Câmara de Vereadores em 2013 que consiste em proibir a comercialização em locais públicos para garantir a mobilidade nas calçadas, a prefeitura não hesitou em expulsar os feirantes como lixo do seu local de trabalho sem qualquer contrapartida.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O legado político-administrativo de Eduardo Campos (parte I): guerra fiscal e privatização do orçamento público.

Esse ano ficará marcado na política nacional. Foi a primeira vez em nossa história que um candidato a presidente morreu de maneira trágica poucos dias antes do início do processo eleitoral. Eduardo Campos tornou-se quase um mito em Pernambuco. Sua gestão é mostrada como moderna, eficiente, arrojada, transparente e democrática. Ele mesmo gostava de passar esse perfil. Eleito o melhor governador do Brasil, ganhador de prêmios internacionais; criticar seu governo era tarefa árdua. Tanto que temos poucos nomes no cenário político e intelectual pernambucano que se dispõe a isso. Pretendo produzir uma série de textos debatendo o legado político-administrativo da Era Eduardo Campos, focando em vários temas. O primeiro será a guerra fiscal e a privatização do orçamento público. Veremos se a propaganda da administração moderna e eficiente corresponde à realidade.


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Eduardo Campos prometeu combater a política de guerra fiscal. Guerra fiscal acontece quando os estados da federação procuram reduzir impostos e dar vantagens para empresas se instalarem em seu estado e não em outro. Campos dizia que esse tipo de política acaba com o federalismo, prejudica a democracia e era uma irresponsabilidade com o orçamento público. Prometeu não só ser contra à guerra fiscal, como liderar um movimento nacional pela reforma tributária para acabar com essa prática. Depois de eleito a coisa mudou. 

O governador praticou uma política altamente agressiva de guerra fiscal. O principal imposto estadual, o ICMS, foi desonerado para várias empresas, principalmente as que vinham para o Porto de Suape – a maior vitrine da Era Eduardiana. Mas o governo Campos não se contentou em isentar empresas de impostos, o Governo também doou o terrenos, fazia a terraplanagem, reordenava a malha viária, propiciava licença de poluição e criava escolas técnicas só para atender as empresas. Heitor Scalambrini Costa, professor da UFPE e um dos poucos críticos do Governo de Eduardo, descreve bem essa política:

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

"O Grito das Prisões"

O Grito das Prisões é um documentário que retrata a CPI das prisões de 2009. Nesse ano um conjunto de deputados e senadores fizeram uma peregrinação pela Brasil analisando a maioria das prisões e constataram: péssimas condições de higiene, agressões, humilhações, abusos sexuais, violação total da lei de execuções penais e domínio de fracção paralelas nas prisões. O documentário mostra que o sistema penal brasileiro é semelhante a campos de concentração e que suas principais vítimas são os pobres! Uma política anti-encarceramento é urgente! Todo preso é um preso político!




quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Nota política sobre o processo eleitoral do SINTUFEPE: Apoio à chapa Democracia, Ética e Renovação.

Nota Política conjunta UJC e PCB - Pernambuco
UFPE Campus Recife | Reprodução

Nas eleições do SINTUFEPE damos nosso apoio à Chapa 3 - "Democracia, ética e renovação"

O Sintufepe-UFPE entra em processo eleitoral. Dentre as várias chapas em disputa, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a União da Juventude Comunista (UJC) indicam o voto na chapa 3: Democracia, Ética e Renovação. A indicação do voto se mostrou necessária depois de uma análise acurada, ao percebemos que essa chapa é a que melhor representa os valores da democracia, combate a todas as formas de opressão e, principalmente, renovação na atividade sindical, ao buscar trabalhar cada vez mais pela base. 

No ponto “democracia” a chapa 3, entre outras propostas, defende: 

· Transparência: prestação de contas das finanças do sindicato, implementação do conselho fiscal;

· Fortalecimento e ampliação da participação da base da categoria através da implementação do Conselho de Base;

· Formação política da categoria através da promoção de seminários e eventos relacionados a datas simbólicas (Dia da classe trabalhadora, Dia do Aposentado, Dia do Servidor Público, Dia das Mulheres, entre outras). [...]

Essas propostas, dentre outras, apontam para uma gestão transparente, democrática, pela base e preocupada com a formação política constante dos trabalhadores(as). A chapa 3 também atenta para um aspecto fundamental da luta trabalhista que nunca deve sair do horizonte: procurar a união de toda classe trabalhadora em uma articulação unitária na luta. Na “atuação Nacional” a chapa 3 defende, entre outras propostas:

· Unidade de ação com outras categorias

· Promoção de debates sobre o plano de cargos e carreiras. [...]

Por tudo isso que foi dito, acreditamos que o apoio político e a chamada de votos para a chapa Democracia, Ética e Renovação é a decisão mais acertada, pois defende verdadeiramente os valores da ética com a “coisa pública”, a democracia, a gestão pela base, a combatividade, a formação constante dos trabalhadores(as), o combate a todas as formas de opressão e a busca da articulação nacional da classe trabalhadora. 

Por isso, dia 12 e 13 de Novembro é dia de votar na chapa 3 – Democracia, Ética e Renovação.

Construindo o Poder Popular!

Por um sindicato combativo e pela base!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Favela da Maré resiste: o necessário debate sobre a militarização das favelas.

Já se passaram vários meses desde que começou a ocupação militar na Favela da Maré. O discurso oficial do Estado é que se trata de "pacificação", contudo, desde que a operação começou tivemos 12 assassinatos no interior da Maré e 16 no entorno e várias denúncias de racismo, agressões, torturas e humilhações cometidas pelo Exército contra os moradores. O Rio de Janeiro é o melhor exemplo dessa política de militarização das favelas. A política de UPP é mostrada como um grande sucesso em um discurso repetitivo e monolítico escondendo o aumento brutal do número de desaparecimentos, torturas, humilhações, agressões e medo nas comunidades. O caso Amarildo foi um dos muitos que acontecem diariamente; um dos poucos que ficou famoso.

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A associação de moradores da Maré relatou as torturas e abusos e solicitam audiência com o secretário de segurança para resolver a questão [1]. Esses casos não são isolados. A política de militarização das favelas está diretamente associada à política de privatização das cidades. As favelas serviram por anos a fio como um instrumento territorial de controle e segregação das classes trabalhadoras. Como o objetivo do Estado nunca foi moldar a dinâmica interna das favelas, mas garantir que as favelas cumprissem sua função de controle e segregação houve de certa forma uma "desterritorialização" do poder estatal. A dinâmica interna de solidariedade, produção cultural, relacionamentos sociais das favelas era controlada pelos próprios moradores. Com a necessidade de expansão do capital via especulação imobiliária e megaeventos, é necessário romper com a dinâmica interna das favelas, retomar o controle e destruir qualquer barreira à expansão do capital.

O modelo de cidade-negócio, que considera qualquer território da cidade como um potencial investimento de capital, necessita re-territorializar o poder do Estado e esmagar a resistência dos moradores. É essa a principal função das UPPs e da política de militarização. O combate ao "crime organizado" não passa da legitimação ideológica dessa política e o combate ao tráfico só é feito na medida em que o tráfico atrapalha os planos do capital (prova disso é que nas milícias ninguém mexe). Portanto, temos que ter claro: a ocupação militar na Favela da Maré não trouxe segurança para os moradores, não acabou com o medo, com a tortura, humilhações, racismo e assassinatos. Mas está preparando um ambiente saudável e seguro para os investimentos do capital.

sábado, 8 de novembro de 2014

A Reforma do Restaurante Universitário e o desrespeito com os estudantes!

Nota Política

Restaurante Universitário UFPE | Reprodução
A Reitoria da UFPE divulgou, na página da PROAES, a notícia do fechamento do Restaurante Universitário (R.U) pelo período de 22/12/14 a 18/01/15. Se a reforma se trata de uma melhoria do serviço prestado não há o que se opor, no entanto a Reitoria convida aos residentes, de forma no mínimo irônica, uma visita às respectivas famílias nesse período. Nas palavras da reitoria:

“Quanto aos nossos residentes e aqueles que recebem auxílio moradia, sugerimos que aproveitem a oportunidade do recesso para visitar seus parentes e assim estreitar os laços familiares.”

Não tenhamos dúvidas que esse deve ser o desejo de muitos residentes, mas talvez por dificuldades financeiras os impeçam de visitar os familiares, que pode ser de uma cidade do interior do Estado nem tão distante, mas pode ser de outro Estado do país a milhares de quilômetros de distância de Recife. E mais, independente das razões, a reitoria não pode negligenciar seus residentes. E aí, como ficam esses estudantes? Assim sendo, não podemos encarar de outra forma a não ser como um abandono e desrespeito da UFPE para com os mesmos.

Diante da situação, cobramos que a reitoria reveja a decisão de “não ressarcir o custo da alimentação no período”.

Por isso, convocamos os estudantes a protestarem para cobrar uma mudança nessa política da Reitoria. A UJC entende que é necessário construir um ato unificado o quanto antes para mostrar toda nossa indignação e solidariedade com os estudantes residentes.

União da Juventude Comunista - Pernambuco

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Engels: bem mais que um segundo violino



Por José Paulo Netto

"Engels nunca se cansou de repetir que, junto de Marx, não passava de um “segundo violino”. Auto-caracterização modesta, que foi posteriormente utilizada não só para amesquinhar a grandeza da sua contribuição à obra marxiana como, também, para reduzir o signi ficado da sua própria produção".

Há 13 anos a Editora Expressão Popular vem contribuindo para a batalha das ideias e para o fortalecimento da cultura socialista em nossa sociedade. Nossa contribuição só foi possível por contarmos com a solidariedade e o compromisso de mais de 300 companheiros e companheiras que se juntaram a nós e fizeram/fazem parte deste processo através da cessão de direitos autorais, de trabalhos de revisão, editoração, diagramação, divulgação etc. Seguimos firmes nesta batalha e estamos buscando travá-la cada vez co mais afinco e em mais frentes. Neste sentido, estamos inaugurando em nosso site a seção “Batalha das ideias”, na qual publicaremos textos de intervenção e de combate, com vistas a fortalecer a cultura socialista em seu mais amplo espectro. Primaremos por conteúdos que estejam para além tanto das discussões do que Antonio Gramsci bem definiu como “pequena política” quanto dos debates estritamente acadêmicos.O intuito desta iniciativa é apresentar de modo mais dinâmico temas que contribuam para uma melhor compreensão da nossa sociedade hoje com vistas a transformá-la, através de textos que recuperem os aspectos atuais do pensamento clássico da classe trabalhadora.


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Após a morte de K. Marx (1818-1883), F. Engels, dois anos mais novo que seu amigo e camarada, tornou-se a referência maior do movimento socialista revolucionário. Pelos doze anos seguintes (Engels faleceu em 1895), a ele recorreram teóricos e publicistas do movimento para clarificar questões de natureza teórica, dele se socorreram lideranças políticas para esclarecer dúvidas estratégicas e/ou pontuais – e o reconhecimento universal da relevância deseu protagonismo revolucionário foi atestado pela sua recepção triunfal no “Congresso Operário Internacional” (Zurique, agosto de 1893).

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Capital produtivo versus capital financeiro: a falácia do bom capital

É muito comum em várias organizações de esquerda a sustentação da falácia de que existe um capital ruim, só especulativo, que não produz nada (o “capital financeiro”) e um capital bom, produtivo, que gera emprego, que desenvolve o país (o “capital produtivo”). Vou tratar rapidamente do quanto essa ideia é errada e o quanto sua adoção pode gerar consequências políticas horríveis para quem pretende lutar pelo socialismo.

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No início do desenvolvimento capitalista, na Europa do começo do século XIX, era possível fazer uma diferenciação maior entre as diversas frações do capital. Ao fim desse século começa a haver um processo de concentração, fusão, cartelização e monopolização da economia. Lênin em seu clássico “Imperialismo: etapa superior do capitalismo” mostra, com uma série enorme de dados estatísticos, essa concentração monopolística da economia. Ao final do XIX e nas primeiras décadas do XX já tínhamos uma configuração de algumas dezenas de empresas gigantes, com sede em vários países, dominando setores estratégicos da economia e estendendo suas malhas pelo mundo através do imperialismo neocolonial (dominação militar, exportação de capitais, abertura a força de mercados, etc).

Lênin ao analisar os novos fenômenos do capitalismo percebeu que uma nova fração do capital se tornou a dominante, o capital financeiro. Capital financeiro para Lênin e a maioria dos teóricos marxistas é a junção entre capital bancário e capital industrial, com a primazia do primeiro, que de simples intermediário passa a ter o controle da atividade econômica do mundo, detendo capacidade de investimentos e quantidade de capital suficiente para subjugar várias economias aos seus desígnios. Ou seja, capital financeiro é a junção entre capital bancário e industrial na fase monopolística do capitalismo, são “produtivos” e “especulativos” ao mesmo tempo. Antes de ir ao próximo ponto cumpre destacar que podemos considerar o conceito “produtivo” do capital de duas formas: capital que faz o intercâmbio orgânico com a natureza mediado pelo trabalho e produz valores de uso (conteúdo material da riqueza), e; capital não importando a forma com que produz mais-valia. Para o capital, ambos são “produtivos”.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Nota Política da União da Juventude Comunista sobre a revisão do Projeto Novo Recife

A Prefeitura do Recife anunciou hoje (10/09) a apresentação das diretrizes de revisão do Projeto Novo Recife. O problema é que essa atitude da Prefeitura descumpriu uma série de acordos firmados antes. Em reunião com o Movimento #OcupeEstelita, a prefeitura se comprometeu a realizar audiências públicas para debater o projeto com o conjunto da sociedade e os movimentos sociais. Também se prometeu que todos os procedimentos e conclusões seriam apresentados por escrito e publicizados. Por fim, ainda comprometeu lançar um cronograma de trabalho, com datas fixas para cada momento do processo de negociação. O que aconteceu?

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Apenas uma audiência pública foi realizada. O procedimento de coleta das propostas e avaliações não é transparente. A Prefeitura que decide o que vai “aproveitar”. Depois disso, mais nenhuma audiência pública, nenhum diálogo com a sociedade. Não houve publicização dos procedimentos e muito menos calendário. O anúncio de divulgação das diretrizes para reavaliação do Novo Recife para hoje, pegou todo mundo – menos, é claro, as Construtoras que já sabiam de tudo – de surpresa. Em resumo: a Prefeitura do Recife de forma antidemocrática, descumpriu todos os pontos importantes acordados sobre a revisão do projeto Novo Recife. 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sempre revolucionária nunca morta, nunca inútil: a vida política de Frida Kahlo

México - [Paula Cervelin Grassi] Ultimamente tenho escutado o alerta do quanto "Frida está pop". Afirmação que ao ressoar em meu corpo, remete a associações e indagações.

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Uma das minhas primeiras reações é a lembrança do também "pop" Che Guevara. Surge assim a primeira questão: Frida Kahlo já se tornou um mito de consumo? Segundo Claúdio Carvalhaes, está há anos em curso (assim como em Che) o processo de esvaziar as referências políticas, culturais e revolucionárias de Frida para ficar palatável ao consumo regrado de beleza norte americano. Pergunto assim, a quem interessa que a memória de Kahlo não seja associada às suas opções políticas ou, quando exposta, de forma muito rasa. É comum citar que a artista tinha aspirações revolucionárias sem titulá-las ou, quando definidas, ligadas aos seus relacionamentos afetivos. Como se seu interesse político partisse ou fosse compreendido através da sua vida amorosa. Mas então, quais foram as referências políticas de Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon Rivera? Quais os registros do seu interesse político e social?

Uma primeira evidência das suas ideias políticas é sua opção pelo ano de nascimento. A artista nasceu em 6 de julho de 1907 em Coyoacán, Cidade do México, porém em seu diário afirma ter nascido em 1910, ano em que a Revolução Mexicana eclode. Para a pintora também: "La emoción clara y precisa que yo guardo de la Revolución mexicana fue la base para que a los 13 años de edad ingresara em La juventud comunista".

Na Escola Nacional Preparatória, ao entrar em 1922, fará parte do Los Cachuchas, um coletivo político de afeição socialista. Em 1925 se afasta da Escola após o acidente com o bonde que comprometeu sua saúde pelo resto da sua vida. Quando recuperada passa a frequentar reuniões e festas semanais do meio artístico e político e em 1928 filia-se ao Partido Comunista.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

EM DEFESA DO POVO PALESTINO E PELA PAZ EM GAZA

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O Fórum de Ações Populares (FAP) vem a público expressar o seu repúdio ao massacre israelense contra o povo palestino, que atinge principalmente a idosos e crianças. 


A brutal invasão sobre a Faixa de Gaza se caracteriza por mais uma ação genocida do Estado de Israel direcionada à população palestina. Dia a dia são contabilizadas centenas de mortos, a grande maioria composta de civis indefesos. 

Bombardeios indiscriminados atingem escolas e hospitais, vitimando inúmeras de crianças. Uma atrocidade inaceitável para a comunidade internacional, inclusive para vários movimentos sociais israelenses que se manifestam contrários ao belicismo de Israel, apoiado sempre pelos imperialismos estadunidense (EUA) e europeu (Inglaterra, Alemanha, França e outros mais). 

O que estamos assistindo é um verdadeiro crime de lesa-humanidade que deve ser repudiado por todos os que se alinham na defesa do direito dos povos à autodeterminação.

A Faixa de Gaza é atualmente a área mais densamente povoada do mundo, com 1,7 milhão de habitantes confinados em apenas 365 quilômetros quadrados, submetidos a um bloqueio permanente que a converte em um gigantesco campo de concentração a céu aberto.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Quem disse que o comunismo morreu?

por Otávio Dutra*

Amanhã pelas ruas
Os povos triunfantes marcharão
E ante o exército vermelho
Os poderosos irão tremer
(trecho da Jovem Guarda, música escolhida como hino da FJC)

Ao mesmo tempo que nossos corações estão explodindo de indignação e revolta pelo massacre das crianças e trabalhadores palestinos por meio do nazi-sionismo de Israel e seus aliados na União Européia e EUA, a esperança se renova ao regressar do México com a certeza que ai surge uma organização dos oprimidos sólida, de análises profundas e de intenso trabalho com o movimento operário e popular nesse país irmão. O jovem Partido Comunista de México acaba de celebrar nos dias 12, 13 e 14 de julho o congresso de fundação da Federação de Jovens Comunistas (FJC), organização juvenil que nasce através de um importante esforço unitário entre a Liga da Juventude Comunista (LJC), a Juventude Comunista Revolucionária (JCR) e outras organização de jovens revolucionários de distintas regiões do México. O congresso foi realizado na cidade de Oaxaca, no sul do país, local de histórica resistência e alto nível de organização popular. Em 2006 a cidade foi conhecida pela Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca que enfrentou e derrotou o governo do estado. Em meio a esse ambiente de rebeldia popular se formou a Federação de Jovens Comunistas.

A FJC surge como uma organização alegre, rebelde e profundamente vinculada às lutas da juventude popular do México; uma escola de jovens comunistas de teoria e, sobretudo, de prática, orientada pelo marxismo-leninismo, por uma ação organizada e coletiva junto à juventude operária, camponesa, estudantil e popular e seguindo a herança revolucionária dos guerreiros maias e astecas, de Pancho Villa e Emiliano Zapata, de Frida Kahlo e David Siqueiros, de José Guadalupe Rodrigues y Primo Tapia, dos mártires do PCM assassinados recentemente pela burguesia e seu aparato de repressão: camaradas Raimundo Velazquez, Samuel Vargas, Miguel Solano, Luis Olivares, Ana Lilia Gatica, Manuel Homobono e Antonio Velazquez presentes, hoje e sempre!

Declaração Comum das Juventudes Comunistas sobre o novo genocídio de Israel contra o povo palestino


As organizações juvenis que assinam essa declaração denunciam veementemente as operações militares do Estado de Israel contra o povo palestino, que já geram a perda de centenas de vida.



Os Estados Unidos, assim como a União Europeia, que estimulam essas atividades criminosas de Israel através de seu total apoio, igualando os culpados às vítimas, reforçando as relações políticas, financeiras e militares com Israel de diversos modos, organizando treinamentos militares conjuntos com forças armadas de Israel, têm uma grave responsabilidade sobre o crime continuado contra o povo palestino e sua juventude.

As Juventudes Comunistas convocam homens e mulheres jovens de todo o mundo a deter, com nossa luta e solidariedade internacionalista, o novo genocídio de Israel contra o povo palestino e seus jovens, que estão na mira da agressão imperialista, imersa em um contexto de planos imperialistas que existem e estão em curso na região do Oriente Médio e do Mediterrâneo Oriental.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

REPRESSÃO POLICIAL FASCISTA NA RETIRADA DOS OCUPANTES DO JOSÉ ESTELITA!

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro sobre o ‪#‎Ocupeestelita‬


O Recife amanheceu neste 17 de junho, sob o forte impacto das ações da tropa de choque da Polícia Militar de Pernambuco, que mais uma vez macula sua imagem com medidas ultrajantes e repressivas contra os participantes do movimento OcupeEstelita.


O OcupeEstelita é um movimento que vem sendo construído por pessoas, majoritariamente jovens, que tomaram a decisão de enfrentar um dos mais perversos projetos de agressão urbana à cidade do Recife. Hoje consegue através das redes sociais despertarem a discussão sobre “em que tipo de cidade e de mundo desejamos viver e compartilhar”, indo além dos horizontes do Cais José Estelita.

Essa área é uma das mais belas da cidade do Recife, um cartão postal, fincada na Bacia do Pina, no São José, um dos bairros mais antigos do Recife, onde está instalado o Forte das Cinco Pontas, última construção holandesa de1630 e onde fuzilaram Frei Caneca em 1825.

O projeto que o consórcio denominado ironicamente de “Novo Recife”, vem tentando impor a cidade se compõe de 12 torres de 40 andares, criando uma muralha que esconderá uma das mais significativas paisagens do Recife, que tem em seu Código de Meio Ambiente, artigos que determinam a “preservação de paisagens históricas ambientais”, sem falar nos problemas de mobilidade urbana e de preservação do patrimônio histórico existente na área.
No dia 21 de maio passado, enquanto o movimento OcupeEstelita debatia propostas em seu site “Direitos Urbanos” e o Instituto de Patrimônio Histórico (IPHAN) analisava os impactos ao patrimônio histórico, os senhores do capital imobiliário, organizados no Consórcio, conseguiram com a prefeitura do Recife, ninguém explica como, licença para demolir os históricos armazéns. Isso iniciado no começo da noite, mas denunciado por pessoas que passavam no local, o que fez com que um dos membros dos Direitos Urbanos fosse ao local e fotografasse o que estava ocorrendo, sendo logo espancado pelos seguranças das imobiliárias que ainda apreenderam sua câmara e roubaram a sua memória. Isso provocou mobilização convocada pela rede do facebook, e no dia seguinte a obra foi embargada pelo Ministério Público Federal.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A cidade que luta para não se tornar invisível

por Movimento #OcupeEstelita

Há alguns anos, Recife passa por um processo agressivo de transformação urbana. Nos acostumamos com o surgimento de um novo espigão em cada esquina: bairros formados tradicionalmente por casas mudam de maneira drástica com a demolição destas para a construção de prédios compridos.


“Não faz sentido dividir as cidades nessas duas categorias (felizes ou infelizes), mas em outras duas: aquelas que continuam ao longo dos anos e das mutações a dar forma aos desejos e aquelas em que os desejos conseguem cancelar a cidade ou são por ela cancelados”.¹
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Há alguns anos, Recife passa por um processo agressivo de transformação urbana. Nos acostumamos com o surgimento de um novo espigão em cada esquina: bairros formados tradicionalmente por casas mudam de maneira drástica com a demolição destas para a construção de prédios compridos. Comunidades inteiras são desalojadas sem o mínimo planejamento social. O que antes era uma rua de quintais, terraços e jardins, hoje é uma paisagem inóspita de muros altos, fachadas espelhadas e muitas vagas na garagem. Com a conivência do poder público, multiplicam-se os projetos imobiliários que visam apenas a geração de lucros e ignoram a dimensão humana. Assistimos à transformação do Recife amarelado de Renato Carneiro Campos, do Recife de cadeiras na calçada de Manuel Bandeira, do Recife cheio de gente de Alcir Lacerda, numa metrópole em que progresso contradiz identidade. Vemos a reprodução de um modelo de desenvolvimento urbano que espelha o fracassado sucesso de grandes cidades feitaspara poucos, como Dubai ou Miami: as grandes construtoras dominam o nosso solo, capitalizando a paisagem e segregando a urbe.

O escravo da Casa Grande e o desprezo pela esquerda

Por Mauro Iasi. 
Malcom X comparou, certa vez, os negros que defendiam a integração na sociedade norte americana com escravos da casa. Para defender suas pequenas posições de acomodação na ordem escravista, buscavam imitar seus senhores, copiar seus maneirismos, usar suas roupas, sua linguagem, adotando o nome da família de seus senhores. Daí o “X” no lugar do sobrenome do revolucionário norte americano.
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Não é de se estranhar que os escravos da Casa Grande se incomodassem com as revoltas vindas da Senzala, pois poderiam atrapalhar sua instável acomodação, sua sobrevivência subserviente.
Dois textos recentes me chamam a atenção, não sei se produzidos pela mesma pena, mas certamente movidos pelo mesmo ódio e desprezo contra a esquerda em nosso país. Um deles é de autoria do sociólogo Emir Sader neste blog (“Não é a Copa, imbecil, são as eleições), que recentemente comparou os manifestantes a cachorros vira-lata, outro é o editorial do Brasil de Fato de 03/06/2014 (“Eleições presidenciais e o papel do esquerdismo“) que, não contente em se aliar ao campo de apoio a Dilma, abriu as baterias contra a esquerda – aquela mesma que em muitas situações apoiou esse jornal, não apenas nas campanhas para sua sustentação, mas participando de seu conselho editorial e apoiando nos momentos mais difíceis.
Tanto o sociólogo como o jornal têm o direito de apoiar quem quiserem, de emitirem suas opiniões, mas o que nos chama a atenção é a necessidade de atacar a esquerda e a forma deste ataque. Como em todo o debate que busca fugir do mérito da questão (talvez pela dificuldade em realizar o debate neste campo) lança-se mão de estigmas. É preciso caracterizar os oponentes como “esquerdistas”, “minorias”, “intelectuais vacilantes da academia”, ou mais diretamente de “imbecis”.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O que a imprensa do Recife não conta sobre o Estelita

Grande parte dos veículos estaduais ignora a mobilização social contra o projeto Novo Recife e a ocupação nos armazéns do Cais José Estelita

Por Mariana Martins e Mariana Moreira*

Um dos professores mais antigos do curso de comunicação social da Universidade Federal de Pernambuco, Paulo Cunha, postou em sua página no Facebook: “Acho que amanhã vou no cemitério de Santo Amaro, fazer uma visita ao túmulo do jornalismo pernambucano”. Esta frase, escrita ainda no dia 22 de maio, pela manhã, dizia muito sobre o silêncio da imprensa de Pernambuco a respeito do início da demolição do Cais José Estelita, área histórica e um dos principais cartões-postais do Recife, e da ocupação feita por manifestantes, que impediram a demolição completa dos armazéns de açúcar, no fim da noite do dia 21. Atividades estão sendo realizadas e, último no fim de semana, a ocupação recebeu visitas e manifestações de apoio de recifenses ilustres.

Reprodução | Ocupação no Cais José Estelita

Pode-se dizer que a postagem de Cunha foi também um presságio do que viria. A ocupação já entra no seu sétimo dia, e o comportamento da maior parte da mídia local é o de ignorar a mobilização social contra o projeto Novo Recife e o acampamento permanente de dezenas de pessoas na área. Apenas um dos três jornais da capital noticiou linhas descontextualizadas sobre o fato. Nenhuma das matérias passava de seis parágrafos, insuficientes para contextualizar a história que existe desde 2008, e que em 2012 tomou novos rumos e ganhou novos atores.

Breve contextualização (tentando dar conta do que a mídia não conta)

O Recife está entre as cidades do Brasil em que houve maior valorização imobiliária nos últimos cinco anos. Esta valorização fez com que áreas antes “desvalorizadas”, do ponto de vista imobiliário, fossem alvo de especulações, principalmente áreas históricas e de preservação ambiental, como o Cais José Estelita e as poucas áreas de mangue que ainda sobreviviam na cidade.

O Projeto Novo Recife prevê a construção de 12 torres de até 40 pavimentos no Cais José Estelita. O empreendimento é uma ação de um consórcio de grandes construtoras do estado, também chamado Consórcio Novo Recife, formado pelas empresas Moura Dubeux, Queiroz Galvão, G.L. Empreendimentos e Ara Empreendimentos. Assim como vários outros empreendimentos de grande impacto na capital pernambucana, o Projeto Novo Recife não foi antecedido do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que, após feito, deve ser apresentado à população, para que possibilite o exercício da gestão democrática, como manda o Estatuto da Cidade (Lei 10.257, de 10 de Julho de 2001.).

Nota Pública da Direção Estadual do Partido Comunista Brasileiro (PCB-PE)

Amigos, amigas e camaradas,

O Partido Comunista Brasileiro diante do anúncio feito pela Deputada Federal Luciana Santos do PCdoB e do Deputado Estadual Waldemar Borges do PSB, de realização, neste 29 de maio de 2014, de uma “Sessão Solene de Restituição do Mandato Parlamentar de Gregório Bezerra”, vem a público esclarecer o seguinte:

Nós que militamos no Partido Comunista Brasileiro (PCB), denunciamos o oportunismo praticado pelo PCdoB, que vem através de seus programas partidários de rádio e tv, se utilizando da imagem de Gregório Bezerra e de outros comunistas históricos, como Luiz Carlos Prestes, quando sempre estiveram em campos divergentes, sendo por eles acusados, de reformistas e outros adjetivos.

O Camarada Gregório Bezerra nos enche de orgulho pela sua trajetória, quando militou por mais de 50 anos no PCB, dos quais 23 anos foram encarcerados, mais de 25 anos na clandestinidade e na semi legalidade, e, foi eleito Deputado Federal Constituinte pelo PCB em 2 de dezembro 1945, sendo cassado em 8 de janeiro de 1948, junto com os camaradas da bancada comunista no congresso nacional. Na sua passagem no congresso nacional teve atuação destacada, defendendo renhidamente os mais caros interesses da classe operária, do campesinato e das crianças em situação de rua, entre outras.

Diante disso, rejeitamos a forma com que esse processo foi construído, num congresso nacional que majoritariamente envergonha a Nação, pela prática da corrupção e defesa dos interesses dos monopólios empresariais, mesmo entendendo que é positivo do ponto de vista do resgate da história de Gregório Bezerra e dos demais comunistas cassados em 1948, como uma pequena tentativa de reparação do que foi praticado pelos governos do Marechal Dutra e dos militares golpistas de 1964, apesar de estarmos separados por 66 anos da cassação desses mandatos.

Rejeitamos também, a atual prática do PCdoB na sua gestão no Ministério dos Esportes e em sua parceria com a FIFA nesta Copa excludente e elitista, de terem liderado junto com a bancada ruralista e defensora do agronegócio as mudanças reacionárias no Código Florestal, de suas alianças políticas aos projetos de natureza liberal com o PT no plano nacional, com o PSB e o PSDB nos planos estaduais e municipais.

A melhor forma de manter viva a memória de Gregório Bezerra é estar presente nas lutas dos operários e camponeses, é estar nas ruas lutando pelo passe livre, contra a corrupção, em defesa de uma educação pública de qualidade, pela universidade popular, pela reforma agrária, pela construção do poder popular, pelo socialismo.

Por isso não podemos concordar com o uso indevido da imagem do nosso querido camarada Gregório Bezerra.
Foto: Roberto Arrais
Gregório Bezerra Presente!

Direção Estadual do PCB-PE.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Farsa eleitoral ou luta eleitoral: a prioridade das ruas e a disputa nas urnas

Por Mauro Iasi

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), através de seu ministro, Marco Aurélio, anunciou a campanha da instituição para tentar atrair os jovens para as eleições. Ao falar das motivações da campanha o Ministro afirmou: “Vamos fazer uma propaganda institucional cujo mote será: NÃO VEM PARA A RUA, VEM PARA A URNA.” A coordenadora de Comunicação do TSE, a “jovem” Verônica Tavares, foi ainda mais explícita ao reafirmar que o mote principal será convencer os jovens que “ao invés de ir às ruas, têm que ir às urnas” e conclui dizendo que:

“O momento do jovem se expressar é indo às urnas, porque assim ele vai poder se manifestar realmente e fazer parte da decisão”.

A boa notícia é que, ao que parece, as manifestações de massa assustaram o governo a ponto de ele ter que fazer uma campanha institucional com medo de uma juventude que redescobriu as ruas como espaço da política e a luta como meio de exigir aquilo que necessita, demonstrando, praticamente, os limites da chamada democracia representativa. A má notícia é que a campanha institucional do TSE semeia confusão e reforça o que há de pior no conservadorismo político que reina entre nós. É, neste sentido, profundamente antidemocrática.
Reprodução
Os governos petistas produziram uma profunda despolitização com a intenção de manter sua governabilidade fundada em um pacto social com as classes dominantes, isto é, optaram por uma aliança por cima que esvazia as formas autônomas e independentes próprias da classe trabalhadora que, em grande medida, estão na base da mudança da correlação de forças que os levaram ao governo: as greves, as manifestações de massa, as lutas populares, etc.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

TODOS ÀS RUAS EM 15 DE MAIO!

(Nota do PCB)

A Copa do Mundo de 2014 trará um saldo negativo e amargo para o povo brasileiro. Antes, durante e depois dela, ficará claro que se trata de um grande evento empresarial, com o objetivo principal de beneficiar o capital nacional e internacional que lucrará muito com o empreendimento, promovido pela multinacional FIFA e pelos grandes monopólios patrocinadores da competição.

Aquela Copa do Mundo que deixava à flor da pele a paixão dos brasileiros pelo futebol e os unia pela “seleção canarinho”, não existe mais. Foi sequestrada, como mercadoria de luxo, por uma bilionária campanha midiática, empresarial e comercial, onde o que menos importa é esse esporte de massas e o encantamento popular que ele um dia motivou. O capitalismo transforma em mercadoria tudo que lhe possa dar lucro.

O que importa são os negócios, os lucros, o legado para os capitalistas, para a valorização dos jogadores de prestígio, mercadorias caras, algumas fabricadas, no milionário mercado mundial de jogadores de futebol. A Copa hoje não passa de uma feira de luxo, uma vitrine para compra e venda de “produtos” milionários.

Não veremos mais os Garrinchas, com suas pernas tortas, sua simplicidade, fiel à sua camisa, à cidade onde nasceu, amigo de seus amigos. Cada vez mais veremos mercadorias produzidas por seus empresários e marqueteiros. Os jogadores de primeira linha, alguns descobertos nos campos suburbanos, viraram produto de exportação. Só os vemos nos campeonatos europeus, com a camisa dos times que os compraram ou alugaram.

Veremos nesta Copa africanos comprados e tornados cidadãos de países europeus, raros negros aceitos em países de maioria racista. Pelo menos, enquanto são jovens e “produtivos”.

terça-feira, 29 de abril de 2014

NOTA POLÍTICA DA UJC SOBRE AS ELEIÇÕES DO DCE-UFPE 2014

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A União da Juventude Comunista (UJC) vem tornar público seus posicionamentos sobre o processo eleitoral para o Diretório Central d@s Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O Movimento Estudantil (ME) há tempos vivencia momentos de oscilações entre erupção de grandes manifestações e o descenso restrito a algumas lutas pontuais. O ME da UFPE além de passar por esse processo sofre da grande dispersão e fragmentação de grupos e pautas. A ausência do DCE faz falta para a organização e unificação das lutas na UFPE, tanto para as pautas estudantis, quanto para a articulação com os setores técnico-administrativos e professores. A UJC entende que a reorganização passa pela base do movimento, através do fortalecimento dos Diretórios e Centros Acadêmicos (DA e CA), bem como do DCE. É por isso que a UJC se colocou, desde o início dos debates sobre o pleito, a favor das eleições, colaborando ativamente para que ocorresse. Avaliamos que as eleições propiciariam um rico espaço de disputa de projetos políticos e mais uma possibilidade de realização de trabalho de base.

Assim, apesar do regimento eleitoral contar com inúmeros pontos aprovados à revelia de nossa posição (como a possibilidade de boca-de-urna e votos inválidos contarem para o quórum), a UJC decidiu participar do processo oficialmente como chapa (Chapa 1: Por uma Universidade Popular!), junto com a Unidade Vermelha e demais estudantes sem organização partidária. O nosso principal objetivo, desde o início, foi a constituição do Movimento por uma Universidade Popular (MUP) em Pernambuco, sendo esse o primeiro momento de aproximação mais sólida entre os interessados nessa tarefa. Ao final do processo, a chapa achou por bem se retirar da disputa por vários motivos (veja a carta completa: https://dl.dropboxusercontent.com/u/19134226/carta-MUP.pdf), dentre eles a fragmentação da esquerda, que em nada contribui para outro projeto de universidade para além dos interesses do capital. 

A UNIVER$O SÓ PENSA EM LUCRO, TRATA EDUCAÇÃO COMO MERCADORIA E VIVE DESRESPEITANDO OS SEUS TRABALHADORES.

Foto: Aquivo UJC-PE
NÃO AGUENTAMOS MAIS!

Essas são as palavras dos funcionários da Universidade Salgado de Oliveira- UNIVER$O. Os trabalhadores vem a público denunciar as ações arbitraria deste estabelecimento de ensino. Como se não bastasse os baixos salários e a sobrecarga de serviços, agora a direção da Univer$o corta as refeições, atrasa salários e o vale transporte. Existem trabalhadores com dez anos na instituição que contam com apenas um pouco mais de R$ 1.000,00 de saldo no FGTS, isso pode? Eles não recolheram corretamente o FGTS. 

A política perversa que a direção da Univer$o vem adotando é de muito arrocho salarial, desvalorização do seu corpo técnico e administrativo, assédio moral e condições de trabalho precárias. O salário é "de fome" e mesmo assim ainda atrasam, gerando inúmeros prejuízos financeiros para os seus trabalhadores. 

"Exigimos respeito da direção dessa instituição dessa instituição, queremos discutir melhores condições de trabalho e de salário, consequentemente melhor qualidade no serviço e no ensino prestado. Não aceitamos e não nos baseamos numa visão mercenária, clientelista de tratamento com os alunos, para nós, os alunos na sua maioria são trabalhadores e companheiros de classe". Essas são as palavras e as reivindicações dos trabalhadores da Universo.

por Antônio Henrique, militante da União da Juventude Comunista (UJC) e do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em Pernambuco.

[Esse é um texto para a seção Crônicas Vermelhas, onde os militantes da UJC/PE opinam, comentam, debatem sobre diversos temas. Para acessar o conteúdo Crônicas Vermelhas basta acessar no "arquivo do blog por temática" a temática Crônicas Vermelhas, ir na página formação ou destaques, ou clicando no marcador dessa postagem.]

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CONCLUÍDO COM ÊXITO O XV CONGRESSO NACIONAL DO PCB


Um Partido cada vez mais revolucionário e internacionalista

Sob o lema CONSTRUINDO O PODER POPULAR, RUMO AO SOCIALISMO, realizou-se, entre 18 e 21 de abril, o XV Congresso Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB), com delegados de todas as regiões do país, eleitos pelos Congressos Regionais, após intensos debates durante quase um ano, desde o então Comitê Central às células do Partido em todo o país. Participaram também dezenas de convidados e militantes observadores.

Arquivo PCB
Durante o evento, foram debatidas e aprofundadas as Teses produzidas pelo Comitê Central eleito no XIV Congresso (2009) e que encerrou seus trabalhos na instalação do XV Congresso, logo após a eleição da Mesa Diretora dos Trabalhos. Estas teses, que tratam dos posicionamentos políticos e teóricos do PCB, da sua organização e das formas de atuação no movimento operário e popular, já haviam sido objeto de ricos debates nas etapas estaduais do congresso, realizadas em dois momentos: outubro/novembro de 2013 e janeiro/fevereiro de 2014.

Na etapa nacional, as teses foram ainda mais amplamente debatidas, em reuniões de seis Grupos de Discussão de todo o temário, em que foram divididos os delegados nos dois primeiros dias e na Plenária de todos os delegados, nos dois últimos dias do evento. Esses consistentes e fraternos debates enriqueceram e valorizaram as Resoluções do Congresso.

O novo Comitê Central eleito ao final do Congresso tem, a partir de agora, a responsabilidade de pôr em prática as resoluções e orientações resultantes deste grandioso processo de discussão, que só fez reforçar a prática comunista do centralismo democrático, dando oportunidade a toda a militância partidária de decidir diretamente sobre a linha política, a organização e a forma de atuação dos comunistas revolucionários no Brasil.

terça-feira, 15 de abril de 2014

TERRITÓRIO DA FIFA

Por Ciro Barros e Giulia Afiune

Nas cidades-sede, pressão sobre ambulantes aumenta com regras da FIFA; nas áreas de restrição comercial, só vai vender quem vestir a camisa dos patrocinadores.

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“Estamos sendo constantemente ameaçados pela Prefeitura do Recife e tememos que o quadro fique mais grave com a aproximação da Copa do Mundo. Mas nós não vamos recuar um passo.” Assertivo, Severino Souto Alves, presidente do Sintraci (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife), se exalta ao falar da situação dos trabalhadores ambulantes na capital pernambucana.


Desde outubro de 2013, o Sintraci – criado em dezembro de 2012, para se contrapor aos possíveis impactos negativos da Copa do Mundo – convocou dez manifestações em diversos pontos da Região Metropolitana do Recife; foram seis só nos últimos dois meses. Reivindicam a garantia de permanência de vendedores ambulantes em alguns pontos da cidade (como os bairros da Casa Amarela e da Boa Vista, por exemplo), a construção de shoppings populares, mais diálogo com a administração do prefeito Geraldo Julio (PSB) e a exoneração de João Braga, secretário de Mobilidade e Controle Urbano, órgão responsável por disciplinar o comércio informal em Recife.
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“Todas as negociações [com a secretaria] são feitas de forma a restringir o comércio informal”, afirma Severino. Segundo ele, mais de 300 comerciantes já tiveram suas barracas retiradas de vários pontos da cidade e sem realocação alguma.

A chegada da Copa do Mundo acirra a tensão entre trabalhadores ambulantes e as Prefeituras. Um dos pontos críticos é o estabelecimento de áreas de restrição comercial durante os eventos oficiais da FIFA (desde jogos até os congressos da entidade). Desde o dia anterior a qualquer um desses eventos, leis e decretos criados especificamente a Copa do Mundo passam a vigorar nessa áreas.

Criadas para proteger os interesses dos patrocinadores da Copa, as Áreas de Restrição Comercial foram definidas na Lei Geral da Copa (12.663/2012) que atribuiu a regulamentação dessas áreas aos municípios-sede, o que já foi feito em sete sedes: Brasília, Fortaleza, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. (Veja os mapas abaixo)

As áreas são delimitadas por linhas imaginárias – não há barreiras físicas – e governadas pelas regras da FIFA, em alguns casos, revogando as leis municipais sobre comércio (incluído o ambulante), promoções e publicidade. O objetivo é dar à FIFA o direito de conduzir essas atividades nas áreas de grande concentração de torcedores – e de exposição na televisão -, garantindo aos seus patrocinadores exclusividade comercial e publicitária.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Por que o governo do Rio, prefeitura e Globo zombam da Constituição?

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A foto, de Silvia Izquierdo, da Associated Press, publicada na capa da Folha deste sábado, mostra um grupo de pessoas muito assustadas, tentando se proteger atrás de uma kombi. São moradores sem-teto que ocupavam um terreno abandonado da OI no Engenho Novo, Rio de Janeiro.

Em primeiro plano, destaca-se uma jovem negra de coxas grossas. A expressão algo dura em seu rosto esconde seu medo e confusão. É pelos pés, todavia, que podemos ter uma ideia da tensão extrema a que as pessoas na foto foram submetidas. O chinelo verde da jovem de coxas grossas está virado, revelando que ela fez movimentos bruscos. A senhora a seu lado, com o rosto contraído num ríctus de desespero, tem um pé descalço.

A bem da verdade, a desocupação desastrosa, que gerou saques, depredações e incêndios, espalhando pânico e terror nos bairros de Maria da Graça, Jacaré, Rocha, Cachambi e Riachuelo, não começou ontem. Como tudo que acontece no Rio, a ação teve início há algumas semanas, com uma matéria publicada no jornal O Globo, com viés fortemente negativo, sobre a ocupação do terreno por milhares de sem-teto.

domingo, 13 de abril de 2014

O atraso das bolsas estudantis da UFPE e o descaso com a educação.

Nessa segunda-feira (14/04) estudantes da Universidade Federal de Pernambuco farão um protesto contra o atraso absurdo de suas bolsas acadêmicas na reitoria da universidade às 10 horas da manhã. Os atrasos são recorrentes, mas esse mês beira o trágico. O pagamento deveria ter sido efetuado dia cinco, mas hoje (13/04) ele ainda não foi feito e vári@s estudantes não terão dinheiro para pagar sua passagem de deslocamento à universidade nos próximos dias – o autor desse texto é um desses estudantes – caso as bolsas não sejam depositadas. 

Reprodução | NE10

Todo esse atraso se insere num quadro mais amplo de descasos e abusos maiores com @s estudantes. A expansão sem qualidade proporcionada pelo REUNI, que visa apenas suprir as demandas do mercado capitalista por mão de obra, colocou vári@s estudantes na universidade sem uma política de assistência estudantil adequada. As bolsas demoraram em ser reajustadas, quando o são normalmente não acompanham nem o índice de inflação do ano – fazendo com quê @s estudantes acumulem perdas “salariais”. Muitas bolsas ao invés de estimular o pleno envolvimento do estudante na “vida acadêmica” servem de mão de obra barata. Estudantes são colocados para fazer serviços de técnicos administrativos da UFPE, seja nas bibliotecas, seja nas secretarias de curso. O autor dessas linhas teve a experiência de trabalhar na secretaria do departamento de FONO da UFPE como secretario, cumprindo praticamente funções de técnico administrativo, mas sem ganhar nem metade do salário de um técnico. Aí junte o insuficiente valor das bolsas, o uso d@ estagiári@ como mão de obra barata, com os atrasos que acabam trazendo vários prejuízos aos estudantes – como atraso no pagamento de contas e o pagamento de juros que corroí as miseras bolsas.